segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Verbalizar

É uma das coisas que eu mais gosto de fazer nessa vida. Mas, o Twitter tá acabando comigo; deixando em mim essa mania de sintetizar as coisas importantes a serem ditas (o irônico é que, lá, eu quase sempre ultrapasso os 140 caracteres). Mamãe disse que eu falava demais quando era (mais) criança. Mamãe, meu irmão e tantas outras pessoas, principalmente os coitados dos professores, dizem isso até hoje. Lamento, é uma sina.

Eu sou apaixonada pela possibilidade de expressar o que eu sinto, o que eu penso, o que vejo, o que eu vivo; assim, através dessas letrinhas. Essa verdadeira paixão me deixou apaixonada por uma outra coisa que, no fundo, é a mesma coisa: idiomas. Poxa, não é completamente GENIAL pensar que uma mesma ideia pôde ser quase materializada em uma frase, por um povo, que se utilizou de um certo código composto de símbolos, regras, propriedades e tantas coisas mais, quase que como num jogo? E, mais genial ainda, então, é, pra mim, pensar que essa mesma ideia seguiu esse mesmo processo em centenas de outros lugares pelo mundo! Meio clichê esse exemplo, mas... Pensa só no "Eu te amo"! Aiai... 
Tenho quase orgasmos múltiplos quando lembro do Guimarães Rosa (não, cara, não tenho tesão nele...) e penso nisso aqui que ele disse:


"Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração."
 
Sinto uma coisa quase como uma "invejinha-incentivo". Queria ter tempo pra continuar meu alemão, autodidaticamente. Ou ter condições reais (e não apenas wizardianas) de aprender alemão ou italiano. Ou francês. Ou japonês. Estou fazendo meu humilíssimo (e bota humilde nisso!) inglês... Só que, sabe, o desânimo está quase me dominando. Mas, não vou pensar nisso agora, não quero falar mal da UESPI. Sei que vou dar um jeito nisso. Se é alguma coisa que realmente me faz bem, eu quero fazê-la bem. Muitíssimo bem feita! ("Melancolia-impotência" me dominando...)


Li o livro "Travessuras da Menina Má", do Vargas Llosa (que, aliás, eu super indico; muito bom) e nele, o Ricardo (narrador-protagonista, herói-romântico não-clichê) trabalha como tradutor e intérprete pra Unesco, na França. Sai do Peru (Peru!) direto pra Paris. Depois, vai pra Londres (ah, a Kate Nash e aquele sotaque lindo!), Tóquio e Madri. Tudo a trabalho. E ganhando muitíssimo bem. 


 "Escolha algo que goste de fazer; e faça bem feito. Mas muito bem feito. Tão bem feito que as pessoas tenham que pagar para que você faça." 


Não sei, ainda, no meu caso, qual seria exatamente essa coisa a fazer... Mas, sei lá, TALVEZ eu esteja indo no rumo certo... Quem dá mais? ;)


Enquanto isso, me mantenho melhor do jeito que eu consigo... Verbalizando. Adjetivando. Adverbializando. Pronomeando. Substantivando... É o que eu acho que sei fazer.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu Quero Viver

Eu quero viver a alegria da certeza de que há alguém que quando pergunta "Como foi o seu dia?", pra mim, realmente está querendo saber como foi o meu dia. Alguém que ache graça quando eu passar vinte minutos contando como foi o meu horário de almoço. Que ache graça do meu cabelo no meio de uma tarde muito chata de domingo. Que goste do meu cabelo mesmo quando eu tiver acabado de acordar. Que acorde mau-humorado; mas, fique alegre só de ver o meu sorriso sem graça pedindo desculpas por ter fervido demais o leite. Que me faça ferver. Que faça tudo comigo. Até amor...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Desejos

Teresina. Taí uma cidadezinha complicada de se viver. Os que pensam, aqui; provincianos, do outro lado da rua... E em maioria. É difícil pra falar, é difícil pra ouvir, é difícil pra viver o que se quer, de verdade.


Eu tenho bastante coisa escrita nos olhos e nos lábios, e não me importo, deixo que sejam lidas por quem souber. Às vezes, chego a sentir uma dorzinha incômoda lá onde acaba o meu poder de dissimular junto com o meu juízo. Mas, isso me incomoda bem menos do eu sei que incomoda aqueles que não conseguem administrar seus desejos, suas vontades, suas iras, suas revoltas, seus risos, suas lágrimas, suas verdades... A si mesmos, apenas. Vivem (vivem?) buscando um meio de impor como perversa a realização daquele mais corajoso, daquele que não se importou com o que é errado para alguns semi-conhecidos frustrados e fracassados, com suas existências igualmente fadadas ao fracasso depois de tantos anos servindo de cobaia para as novas proibições de tantos outros recalcados que um dia resolveram trazer ao mundo mais um ser humano que vai existir sem viver.


Faltou vírgula nisso tudo que eu escrevi? Não. Prefiro que me imaginem dizendo isso assim mesmo, de um fôlego só. Não se pode parar pra pensar. Daria tempo pra que alguém viesse e sobrepusesse a voz à minha. 


Agora pode gritar, assim, bem falsamente. Mas, tente gritar alto, alto mesmo.
Alto o suficiente pra não ouvir os meus melhores gritos...
Iguais àqueles que você sufocou e que nunca mais vai poder recuperar. 


"Aqueles que reprimem os desejos assim o fazem porque seus desejos
são fracos o suficiente para serem reprimidos"

(William Blake)