domingo, 29 de janeiro de 2012

21 anos, conselhos e chocolate

Daqui exatamente uma semana eu faço 21 anos e, sabendo não ser exclusividade minha essa sensação, fico extremamente ~emo~ nesses dias pré-aniversário. Apesar de dar um pouco de atenção demais pra essas coisas de signos (sou aquariana, com ascendente em sagitário e lua em escorpião), não acredito muito nisso de inferno astral. Mas acredito em outros muitos infernos que a gente tem internamente e que alimenta todos os dias. 

Ou, então, o meu inferno astral dura todos os dias que antecedem o meu aniversário, a começar pelo dia seguinte a ele. E, definitivamente, eu não sou uma pessoa pessimista. Acho mais que o inferno astral acontece porque a gente acaba por entrar em uma profunda reflexão acerca, não apenas do seu último ano de vida, como de todos os anos anteriores. E aí você acaba, meio sem perceber, chegando à reflexão de como a sua vida está naquele momento e como você gostaria que estivesse, há alguns anos, quando mentalizou aquele momento do futuro. Só que eu nunca fui muito de pensar sobre o futuro. E nem sou, ainda.

Tenho uma coisa comigo de nunca querer crescer, porque eu acho que sempre soube das responsabilidades que isso implica. Sei lá, crescer é chato. As coisas que você deve/precisa fazer são muito maiores e mais constantes do que as coisas que você pode fazer. As consequências negativas de crescer não compensam os benefícios. É simples. E eu sempre tive meio que consciência disso. 

Eu lembro de um dia, brincando na rua com uma amiguinha (as muitas bonecas e caminhas e coisinhas em miniatura espalhadas pela calçada), vi uns pés se aproximando. Uma menina, cerca de cinco ou seis anos mais velha que eu e a minha amiga, de quem a gente não gostava muito, se aproximou e nos deu um conselho. A gente devia ter, sei lá, uns dez anos. Ela chegou e disse "Isso, meninas. Brinquem, brinquem muito, até quando vocês puderem. Essa fase da vida é muito boa, a melhor". Eu não sei bem por qual motivo, eu nem gostava dela, ela era quase tão criança quanto a gente, talvez tivesse dito isso tentando tirar uma com a nossa cara, mas isso me marcou. Talvez porque, algumas semanas depois, eu descobri que ela estava grávida. "Aproveitar enquanto eu puder", foi isso o que ficou na minha memória. Acho que nem ela lembra disso, mas eu nunca esqueci. 

Apesar disso, muito antes, eu nunca fora a criança que queria crescer. Depois, nunca fui a adolescente que queria logo entrar na Universidade (como muitas amigas da escola) e, olha só, eu já me formo no ano que vem. Parece que até a Ufpi, com o tanto de dores de cabeça que me trouxe, passou rápido demais. 

Mas, não sei. Acho que isso foi bom de várias formas, pra mim. Hoje, por exemplo, embora eu fique extremamente angustiada nesses dias, eu não tenho grandes frustrações. É claro que eu estabeleço metas, mas não faço planos mirabolantes para daqui tantos anos. Ou, sei lá, nada muito certo. Aí eu não sei se faço isso conscientemente, para não me decepcionar depois, sabendo da minha forte tendência à indisciplina; ou se simplesmente acontece. 

Agora, é isso. Já são 21 anos e eu ouvi o que a menina da minha rua disse. Fiz o máximo que eu pude, sempre que eu pude, sempre que eu quis, mas ainda não sei o que eu quero da vida. Eu não sei se estou feliz, se estou triste, se estou bem aqui, se acho que estaria melhor em outro lugar, se eu gosto mais de chocolate branco ou ao leite e... É, isso meio que me desestabiliza. Complicado. Eu não tenho meu chocolate preferido, é difícil conviver com isso. Aliás, eu nem gosto tanto de chocolate, prefiro brigadeiro. Enfim.

Eu vivo angustiada (não infeliz, só angustiada) com um monte de coisa e, sei lá, acho que é só frescura. E deve ser, mesmo. Mas não encho muito o saco de ninguém com isso, então acho que não é nada problemático. 

Devo ter sido inúmeras vezes contraditória na vida e nesse texto, mas é uma das consequências de tentar organizar os pensamentos em palavras, em frases, em parágrafos. Embora eu ame escrever, sei que esse ato é simples demais para abarcar tanto significado quanto o que eu tenho guardado em mim. Mais um ano. E é isso... Do jeito que tem que ser. Sem grandes conselhos. Chocolate pra quem gosta. E pra quem prefere outra coisa, também; porque não dá pra ter tudo que se quer.